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Duas bombas de gás lacrimogênio foram jogadas pela Polícia Militar dentro da ONG Sociedade Viva Cazuza, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, onde ficam cerca de 25 crianças soropositivas entre 1 e 15 anos. No momento do incidente, elas já haviam sido colocadas para dentro da casa por causa do barulho. Mas três funcionárias inalaram fumaça.
“Tossi muito. Fiquei com os olhos ardendo. Não foi a primeira vez que isso aconteceu”, disse uma funcionária do local, que não quis se identificar.
Duas pastilhas foram jogadas pela janela por uma funcionária e recolhidas pelo tenente-coronel Mauro Andrade, comandante do GPPM (Grupamento de Policiamento de Proximidade em Multidões). Os artefatos e um vídeo feito por manifestantes do incidente foram entregues para observadores do Ministério Público, que acompanhavam a manifestação.
“Vamos identificar de onde veio. Posso garantir que não foi nenhum policial do meu grupamento”, afirmou o comandante do GPPM. O incidente ocorreu minutos após uma confusão que causou correria na Rua das Laranjeiras, iniciada por uma “falha de comunicação”, segundo o tenente-coronel Mauro Andrade.
“Não entendi nada. Liberamos os manifestantes, mas outros policiais que estavam mais adiante não sabiam que tínhamos permitido a passagem deles. Pode ter sido falha de comunicação”, disse o oficial.
Não houve registro de feridos, diz PM
Em nota, a PM respondeu que não houve registro de pessoas feridas na ONG Sociedade Viva Cazuza. “Não é possível afirmar se houve algum disparo na direção do prédio ou se as cápsulas vazias foram arremessadas para lá”.
A corporação disse, ainda, que imagens mostrando a atuação policial devem ser encaminhadas à Corregedoria da Polícia Militar. “Já são 11 os policiais que respondem a procedimentos por excessos cometidos. Imagens de manifestantes atirando pedras, morteiros, sinalizadores e garrafas também são registradas pela PM e encaminhadas à Polícia Civil”, escreveu a PM, na nota.
A PM também respondeu o que motivou a reação de policiais militares, mesmo após a liberação da via, como informou o tenente-coronel Mauro Andrade. Segundo a corporação, houve a detenção de um mascarado embaixo do viaduto, em Laranjeiras.
“Manifestantes que estavam em cima do viaduto começaram a atirar pedras e bombas caseiras na direção dos policiais. Para conter a ação do grupo, policiais do Batalhão de Choque lançaram bombas de gás lacrimogêneo para interromper o arremesso de pedras”, respondeu a PM.
Sociedade Viva Cazuza responde
A Agência de Notícias da Aids encontrou em contato com a Sociedade Viva Cazuza e a coordenadora de projetos da instituição, Christina Moreira, confirmou que “uma bomba foi jogada dentro da ONG e não atingiu ninguém, todas as crianças estão bem”.
Fonte: Agência Aids