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A Aids não morreu, mas o sucesso do tratamento da doença e o esquecimento da população sobre o poder letal da infecção pelo HIV fizeram com que ela voltasse a crescer no Brasil. Conforme alertou a Organização das Nações Unidas (ONU), em comunicado no ano passado, o país teve um aumento de 3% no número absoluto de novos casos – número que chama atenção especialmente nessa época de Carnaval. O índice está na contramão da tendência mundial, que registou uma retração de 11% da doença.
Uma vez infectado pelo vírus HIV, segundo os infectologistas ouvidos pelo Viver Bem, o caminho para outras infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis, hepatites virais, clamídia, HPV, entre outras, é facilitado. Só no Paraná, entre 2010 e 2016, houve um aumento de 6.400% dos casos de sífilis, especialmente entre os jovens.
“A população mais jovem, que não vivenciou a epidemia mais grave nos anos de 1980, acabou perdendo o medo. Eles não viveram o medo, não viram os ídolos, como o Cazuza, morrendo por conta da Aids. Com isso acabaram baixando a guarda, não reforçando os cuidados de prevenção”, explica José Luiz de Andrade, membro do Comitê HIV/Aids da Associação Panamericana de Infectologia e do Comitê assessor do Ministério da Saúde para Terapia Antirretroviral em adultos e adolescentes infectados pelo HIV.
Apesar de controlável, mais de um milhão de pessoas morrem, todos os anos, em todo o mundo, devido às consequências da infecção por HIV, segundo Ruimario Machado Coelho, médico urologista da Unimed Curitiba e do hospital Instituto de Neurologia e Cardiologia de Curitiba (INC). E o que engana o restante da população é que, embora não tenha cura, o tratamento para a infecção evoluiu muito. A ponto de se resumir a um comprimido diário.
“O medo de ser uma doença mortal diminuiu, mas as pessoas precisam lembrar que é uma doença para a qual não existe cura e que traz um preço alto a quem se contamina. Elas têm uma doença estigmatizante e precisam fazer o tratamento todos os dias para evitar sequelas”, reforça Jan Walter Stegmann, médico infectologista do ambulatório de Aids do hospital das clínicas da Universidade Estadual de Londrina (HC/UEL) e médico referência de genotipagem (MRG) do Ministério da Saúde.
Brasil tem 830 mil pessoas com HIV/Aids
O Ministério da Saúde lançou nessa terça (06) a campanha de prevenção contra infecções sexualmente transmissíveis para o Carnaval 2018. Serão distribuídos, no total, 100 milhões de preservativos masculinos e femininos, com o objetivo de diminuir a disseminação das infecções.
Atualmente há 830 mil pessoas convivendo com o vírus do HIV/Aids no país, segundo informações do Ministério da Saúde. Destas, apenas 548 mil estão em tratamento. Há ainda uma boa parte da população que não sabe que tem a infecção.
Proteja-se
A prevenção contra Aids continua sendo, principalmente, o uso dos preservativos nas relações sexuais. O que nem todo mundo se lembra é que, além de prevenir a infecção pelo HIV, a camisinha também previne as demais infecções sexualmente transmissíveis. Embora a Aids continue sendo a condição mais grave, por ser incurável e estigmatizada, as demais doenças trazem sequelas perigosas.
Confira abaixo um pouco mais sobre as doenças consideradas negligenciadas pela população, de acordo com informações da Unimed Curitiba:
Aids
Causada pelo vírus HIV, a doença é considerada incurável e não há perspectiva do desenvolvimento de vacinas. Não apresenta sinais nas primeiras semanas, mas pode ter sintomas como febre, mal estar, dor no corpo, comuns de infecções virais. Também facilita a infecção por outras doenças, visto que afeta o sistema imunológico do paciente.
Transmissão: via relações sexuais sem proteção, principalmente.
HPV
Causada pelo vírus Papilomavírus Humano, o HPV não tem cura e pode aumentar o risco do desenvolvimento de câncer do colo do útero. Manifesta a doença através de lesões de pele e verrugas genitais. Pode ser prevenida com a vacina contra o HPV, indicada antes do primeiro contato com o vírus – embora também possa ser tomada mesmo depois.
Transmissão: via relações sexuais sem proteção.
Sífilis
Causada por uma bactéria, a doença tem cura simples e sequelas gravíssimas. Como os sintomas iniciais, de úlceras, tendem a desaparecer com o tempo, o paciente corre o risco de não tratar a doença logo de início. Isso leva ao desenvolvimento de problemas neurológicos graves. Leia mais sobre a sífilis aqui.
Transmissão: via relações sexuais sem proteção.
Hepatite B
Causada por vírus, a doença também é curável, mas quando não tratada leva a cirrose hepática e câncer de fígado. Pode ser prevenida também através de vacina e remédios antivirais, além do uso de preservativo. A hepatite B não causa sintomas por muito tempo, mas é possível ser identificada através de dores abdominais, febre, dor nos olhos e náusea.
Transmissão: via relações sexuais sem proteção.
Gonorreia
Causada por bactéria, a doença tem cura. Dos sintomas, secreção purulenta e ardência para urinar. Pode gerar doença inflamatória pélvica, se espalhar pelo sistema reprodutivo e, em casos mais graves, entrar na corrente sanguínea e atingir articulações, válvulas cardíacas e cérebro. Nos homens, leva a infertilidade. O tratamento feito com antibióticos.
Transmissão: via relações sexuais sem proteção.
Clamídia
Causada por bactéria, a doença também tem cura. Leva à doença inflamatória pélvica, inflamação da próstata, infertilidade e artrite reativa. Dos sintomas, secreção clara e ardência para urinar. O tratamento é feito com antibióticos.
Transmissão: via relações sexuais sem proteção.
Herpes genital
Causada por vírus, a herpes genital não tem cura. A doença forma lesões tipo vesículas na região genital, que são dolorosas, mas podem passar despercebidas. Leva à complicações na bexiga pelas feridas na uretra, meningite e retite, inflamação do reto.
Fonte: Gazeta do Povo