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Cientistas dinamarqueses querem encontrar a cura da aids e fazê-la acessível em larga escala

Cientistas dinamarqueses querem encontrar a cura da aids e fazê-la acessível em larga escala

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Cientistas dinamarqueses estão na espera de resultados que mostrarão que “encontrar uma cura acessível para o HIV e que possa ser distribuída em massa é possível”. Eles conduzem um ensaio clínico com uma nova estratégia em que o vírus HIV é reativado de seu esconderijo no DNA humano e destruído permanentemente pelo sistema imune. A informação é do jornal britânico The Telegraph. 

A medida representaria um passo a frente na tentativa de encontrar uma cura para o vírus, causador da aids. Os cientistas estão atualmente conduzindo testes em humanos, na esperança de provar que seu tratamento é efetivo, o que já foi encontrado em testes de laboratório.

A técnica consiste em desproteger os “reservatórios” formados pelos vírus HIV dentro de células imunes adormecidas, trazendo-os para a superfície das células. Uma vez que se dirige a superfície, o sistema imune do corpo pode matar o vírus naturalmente.

Estudos in vitro – aqueles que usam células humanas em laboratório – da nova técnica mostraram-se tão bem sucedidos que, em Janeiro, o Conselho de Pesquisa da Dinamarca premiou a equipe com 12 milhões de coroas dinamarquesas (o equivalente a 1,5milhão de libras) para prosseguir os seus estudos em ensaios clínicos com seres humanos. Estes agora estão a caminho, e de acordo com Dr Ole Søgaard, pesquisador do Hospital da Universidade de Aarhus e integrante da equipe de pesquisa, os primeiros sinais são “promissores”.
“Estou quase certo que nós seremos bem sucedidos em ativar o HIV a partir dos reservatórios”, disse ele. “O desafio será fazer o sistema imune dos pacientes reconhecer o vírus e destruí-lo. Isso depende da força e sensibilidade de cada sistema, assim como da proporção do HIV escondido que é desmascarada”

Quinze pacientes estão participando atualmente dos ensaios, e os primeiros resultados esperam ser apresentados ainda no segundo semestre de 2013.

Dr. Søgaard enfatiza que a cura não é a mesma coisa que uma vacina preventiva e que e que chamar a atenção para o sexo desprotegido e compartilhamento de agulhas, por exemplo, são ações de suma importância na luta contra o HIV.

Com o tratamento moderno para o HIV, um paciente é capaz de levar uma vida quase norma, com efeitos colaterais limitados. No entanto, se a medicação for interrompida, os reservatórios de HIV se tornam ativos e começam a produzir mais cópias do vírus, o que significa que os sintomas podem reaparecer dentro de duas semanas. Encontrar a cura livraria o paciente da necessidade de tomar a medicação continuamente e economizaria bilhões dos serviços de saúde.
A técnica também está sendo pesquisada no Reino Unido, mas os estudos ainda não passaram para a fase do ensaio clínico. Cinco universidades formaram o Grupo Colaborativo de Pesquisa Biomédica para a Erradicação de Reservatórios do HIV do Reino Unido (CHERUB, na sigla em inglês), que é dedicada a encontrar a cura para o HIV.

Eles pediram financiamento para a realização de ensaios clínicos para o Conselho de Pesquisa Médica. Os ensaios buscam combinar técnicas para liberar os reservatórios de HIV com “imunoterapia”, o que dá aos pacientes uma melhor chance de destruir o vírus.

Além disso, eles estão focando em pacientes que foram infectados recentemente, pois acreditam que isso aumenta as chances de cura. O grupo espera receber uma resposta sobre o financiamento em maio. “Quando o primeiro paciente for curado desse modo será um momento espetacular”, diz Dr John Frater, pesquisador de Nuffield School of Medicine, da Universidade de Oxford, e membro do CHERUB.

“Isso provará que nós estamos na direção certa e demonstra que a cura é possível. Mas eu acho que ainda levaremos cinco anos até vermos uma cura que pode ser oferecida em larga escala”, diz ele.

A pesquisa da equipe dinamarquesa está entre as mais avançadas e com progresso mais rápido no mundo, já que eles têm simplificado o processo de colocar as mais recentes descobertas da ciência básica em testes clínicos.

Isso significa que os pesquisadores podem progredir mais rapidamente para os testes clínicos, acelerando o processo e atingindo resultados confiáveis antes de outros.

A técnica usa drogas chamadas de inibidores de HDAC, que são mais comumente usadas em tratamentos de câncer, para expulsar o HIV do DNA do paciente até a superfície de células infectadas. Os pesquisadores dinamarqueses estão usando um tipo particularmente poderoso do inibidor de HDAC. .

Cinco anos atrás, o consenso geral era que o HIV não podia ser curado. Mas então Timothy Ray Brown, um paciente com HIV – que se tornou conhecido como o Paciente de Berlin – desenvolveu leucemia.

Ele recebeu um transplante de medula óssea de um doador com uma mutação genética rara que fez as suas células resistentes ao HIV. Como resultado, em 2007, Brown se tornou o primeiro homem a ser totalmente curado da doença.

Repetir esse procedimento em larga escala é impossível. Mas o caso Brown causou uma mudança de maré nas pesquisas ,com cientistas focando em encontrar a cura, bem como em suprimir os sintomas.

Duas abordagens principais estão sendo desenvolvidas. A primeira, a terapia genética, quer fazer o sistema imune dos pacientes resistente ao HIV. Isso é complexo e caro, além de não facilmente transferível para diferentes conjuntos de genes em todo o mundo.

A segunda abordagem é a desenvolvida pelo Dr Søgaard e seus colegas na Dinamarca, pelo grupo CHERUB no Reino Unido, e por outros laboratórios nos Estados Unidos e Europa.

Fonte: Agência Aids