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Como orientamos que seja a revelação do diagnóstico do HIV em crianças?

Como orientamos que seja a revelação do diagnóstico do HIV em crianças?

O diagnóstico do HIV não é uma notícia simples para nenhum paciente, e quando envolve as crianças tende a ser ainda mais complexo, principalmente para a família que, muitas vezes, escolhe “proteger” a criança. Isso porque os entes queridos entendem que ao privar os pequenos do real diagnóstico estão melhorando as eventuais tensões, quando esta escolha pode ter grande impacto na vida de uma criança ou adolescente. 

Por ser uma doença estigmatizada e associada à morte, preconceito e discriminação, famílias encontram na revelação do diagnóstico um grande dilema. Contudo, diversos estudos comprovam que uma criança ciente de seu diagnóstico compreende bem melhor o seu papel dentro do tratamento e dos procedimentos aos quais é submetida, cooperando assim com os profissionais que fazem parte do seu cuidado e com sua família.

A verdade é que crianças são perceptivas e sabem que algo diferente está acontecendo na forma como vivem se/quando comparadas à outras crianças. Elas criam cenários pouco positivos sobre suas idas ao hospital, medicação, conversas dos adultos ao seu redor, quando não informadas sobre a realidade, de maneira adaptada ao seu entendimento, Esses comportamentos dos adultos afetam diretamente o seu desenvolvimento cognitivo e de relação com seus próprios corpos e vivências. 

Impactos

Crianças que não sabem de seu diagnóstico tendem a apresentar quadros de depressão, irritabilidade, nervosismo e fobias, a ter comportamentos infantilizados, a se sentir solitárias, a recusar medicação e a não participar do seu tratamento. Enquanto as que sabem se sentem mais respeitadas, acolhidas e compreendidas por adultos. São mais confiantes e agem conforme sua idade, além de terem menor mudança de estado emocional, cooperam com o tratamento e são conscientes quanto aos cuidados com sua saúde. É respeitoso que elas saibam sobre o que está acontecendo em seu corpo.

Quando e como fazer a revelação?

Não existe um melhor momento para se revelar o diagnóstico a uma criança ou adolescente. Esse momento é um processo empírico de diálogo entre profissionais, familiares e a criança, e é indicado que seja iniciado o mais precocemente possível de acordo com a capacidade de entendimento da faixa etária da criança. 

As perguntas que surgem diante de suas medicações, tratamentos e consultas devem ser respondidas de forma clara e objetiva, colocando esses momentos em um contexto fácil da criança compreender. É importante que o adulto passe informações que se aproximem da realidade, mesmo que sem dar um nome a doença, preservando assim a criança, porém sem mentiras ou omissões.

Quem deve fazer a revelação?

O ideal é que o profissional de saúde seja a pessoa que irá revelar o diagnóstico, com o auxílio e presença de outros profissionais, como assistentes sociais. É de extrema importância que esses profissionais entrem em um acordo com os responsáveis da criança e que eles estejam também presentes nesse diálogo. A participação da família, empoderada do cenário, também faz toda a diferença.

Como pode ser feita a revelação?

Brinquedos e contação de histórias são os meios mais indicados para os pequenos, dessa forma os profissionais envolvidos nos cuidados dessa criança podem explicar os procedimentos a que ela será submetida, a importância da medicação, entre outros processos pelos quais esse paciente irá passar. Dessa forma a criança aprende sobre seu diagnóstico de forma lúdica, realística e atrativa.

 

Fonte: Manual de assistência à revelação diagnóstica de crianças que vivem com HIV/Aids