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Gays não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade, diz papa em entrevista no voo de volta a Roma

Gays não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade, diz papa em entrevista no voo de volta a Roma

Ao deixar o Rio de Janeiro na noite desse domingo, 28 de julho, o papa Francisco concedeu uma entrevista durante o voo de volta a Roma – a maior e mais completa já concedida por um pontífice na história da Igreja. O papa conversou com os jornalistas ao longo de uma hora e vinte e dois minutos, em pé, segundo reportagem publicada no site da revista Veja. Francisco fez um balanço da viagem ao Brasil e surpreendeu ao tocar em temas delicados, como o lobby gay. “…Eles não devem ser discriminados por causa disso, mas devem ser integrados na sociedade”, afirmou o pontífice.

Papa Francisco abordou o assunto quando questionado sobre a recente acusação feita ao monsenhor Battista Ricca, um dos diretores do IOR, o Banco do Vaticano, de pertencer ao lobby gay do Vaticano.

“Como o senhor pretende enfrentar esta questão”, perguntou um dos jornalistas presentes na coletiva. E o papa respondeu:

Sobre monsenhor Ricca, fiz o que o direito canônico manda fazer, que é a investigação prévia. E nesta investigação, não tem nada do que o acusam. Não achamos nada. Esta é a minha resposta. Mas eu gostaria de dizer outra coisa sobre isso. Vejo que muitas vezes na Igreja se busca os pecados de juventude, por exemplo. Abuso de menores é diferente. Mas, se uma pessoa, seja laica ou padre ou freira, pecou e esconde, o Senhor perdoa. Quando o senhor perdoa, o senhor esquece. E isso é importante para a nossa vida. Quando vamos confessar e nós dizemos que pecamos, o senhor esquece e nós não temos o direito de não esquecer. Isso é um perigo. O que é importante é uma teologia do pecado. Tantas vezes penso em São Pedro, que cometeu tantos pecados e venerava Cristo. E este pecador foi transformado em Papa. Neste caso, nós tivemos uma rápida investigação e não encontramos nada. A imprensa tem escrito muita coisa sobre o lobby gay. Vou lhes dizer: Eu ainda não vi ninguém no Vaticano com uma carteira de identidade do Vaticano dizendo: sou gay. Dizem que há alguns. Acho que quando alguém se vê com uma pessoa assim devemos distinguir entre o fato de que uma pessoa é gay e fazer um lobby gay, porque todos os lobbys não são bons. Isso é o que é ruim.

Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, pra julgá-la? O catecismo da Igreja católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas devem ser integrados na sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é fazer lobby, o lobby dos avaros, o lobby dos políticos, o lobby dos mações, tantos lobbys. Esse é o pior problema.

Quando questionado se o papel das mulheres na Igreja poderia mudar, Francisco afirmou:

A questão da ordenação das mulheres é um assunto de portas fechadas. A Igreja diz não. No entanto, acredito que a mulher deve ter papéis mais importantes na Igreja. Uma igreja sem as mulheres é como o colégio apostólico sem Maria. A mulher ajuda a igreja a crescer. E pensar que a Nossa Senhora é mais importante do que os apóstolos! Acredito, no entanto, que, até agora, não fizemos uma profunda teologia sobre a mulher. Há as mulheres que fazem a leitura, que são presidentes da Cáritas. Mas há mais o que fazer. Acredito que é necessário fazer uma profunda teologia da mulher.

Fonte: Agência de Notícias da Aids com informações de Veja