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Há um ano a resposta brasileira contra a epidemia de aids não avança, afirmam ativistas

Há um ano a resposta brasileira contra a epidemia de aids não avança, afirmam ativistas

hO manifesto “Aids no Brasil: o que nos tira o sono?” completou um ano nesta quarta-feira, 21 de agosto. Para lembrar a data, um grupo de docentes, pesquisadores e integrantes da sociedade civil divulgou um novo documento com o balanço dos avanços e desafios no combate ao HIV/aids. Ativistas do movimento social de luta contra aids comentam a carta e criticam a atual política brasileira de aids.

“O controle social acabou, estamos fazendo a `parte`, o governo não reconhece a importância da sociedade civil na luta contra aids”, disse o diretor da Associação de Espaço e Prevenção Humanizada (EPAH), José Araújo Lima.

Para o ativista, não houve avanços na resposta brasileira contra a epidemia de aids. ” A atual política de aids não nos tira o sono, nos rouba o sono. Somente a implementação de novas tecnologias, que é bem-vinda, mas está atrasada, não deixa nosso sono acalentado”, declarou.

Já o professor da Faculdade de Medicina da USP e membro do Grupo Pela Vidda-SP, Mario Scheffer, destacou que “a atualização das criticas, feita por esse coletivo que ajudou a construir a historia do combate à aids no Brasil, expõe a agenda equivocada do Ministério da Saúde, que continua passando por cima da realidade epidemiológica, do controle social e ignorando as populações mais afetadas pelo HIV e aids.”

Ele continua: “Estão menosprezando os fóruns e a articulação nacional de ONGs, os interlocutores agora precisam ser aprovados previamente. Para esconder a censura às campanhas dirigidas a gays e vulneráveis, requentam iniciativas de prevenção que vem sendo apresentadas como se fossem novas. A situação geral é bem pior que um ano atrás e na assistência, por exemplo, nos deparamos novamente com problemas da década de 1980″, disse Scheffer.

A militante Nair Brito, do Movimento Cidadãs Posithivas, considerou positiva a publicação de um novo documento após um ano. “A carta indica um amadurecimento da prática de monitoramento pelos grupos envolvidos, sendo essa uma importante ferramenta de advocacy e incidências políticas”, afirmou.

Ainda segundo ela, “os Conselhos de Saúde, os quais deveriam ser importantes espaços de decisão do Sistema Único de Saúde (SUS), viraram guetos de quem pode mais e território de barganha ao invés de espaço de democracia”.

A ativista considera ainda que “o que parece avanço é o velho travestido de novo. Concluímos que o Ministério da Saúde no capitulo aids vai ficar sócio da Avon ou da Natura, isto é, especialista em cosméticos”, finalizou.

Talita Martins, de São Paulo

Fonte: Agência Aids